Avaliação do Programa Bolsa Família em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano e cumprimento das condicionalidades de saúde.
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Como Citar

SANTOS, L. M. P., PEREIRA, L. L., SOARES, M. D., HENRIQUE, F. C. S., GUADAGNIN, S. C., & SANTOS, S. M. C. dos. (2011). Avaliação do Programa Bolsa Família em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano e cumprimento das condicionalidades de saúde. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 5(4), pg. 139–165. https://doi.org/10.18569/tempus.v5i4.1063

Resumo

O Programa Bolsa Família foi avaliado nas cinco regiões do Brasil, em municípios de Índice de Desenvolvimento Humano muito baixo. Realizou-se análise documental, entrevistas com gestores e informantes chaves, questionários e grupos focais com mulheres inscritas e não inscritas. O estudo evidenciou estrutura normativa adequada e em constante evolução. Ainda avaliando estrutura, os recursos humanos, computadores e acesso à 1 Este estudo contou com auxílio de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Edital Universal, processo no 481556/2004-4. Resultados preliminares apresentados na I Mostra de Pesquisas do Programa Bolsa Família, Brasília, novembro de 2008. internet eram inadequados para a execução do programa. Não havia correspondente bancário em um dos municípios e as famílias precisavam sacar o benefício no município vizinho. Analisando processos, havia dificuldades no cadastramento, no controle social e as vagas determinadas pelo governo federal eram insuficientes frente ao número de famílias elegíveis. Os resultados mostraram excelente focalização do programa entre as famílias estudadas (99%) e ratificaram a baixa cobertura. Apesar dos dados administrativos indicarem que mais de 80% das famílias estariam inscritas, isto não se confirmou no estudo empírico; constatou-se 53% de cobertura entre as famílias estudadas, informação corroborada por depoimentos locais. Houve relatos de retenção irregular dos cartões por comerciantes locais como condição para abertura de crédito, prática aceita sem problemas pelas mulheres. Apenas 19% das famílias identificavam a existência de condicionalidades de saúde e 7,7% declararam saber que deviam levar as Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva 140 crianças ao posto de saúde para serem pesadas. Alguns gestores locais, apesar de ressaltarem a importância do programa, consideravam a transferência de renda como um incentivo à acomodação e não como um direito do cidadão. O estudo indica a relevância de investimentos para o aperfeiçoamento da gestão local do programa.
https://doi.org/10.18569/tempus.v5i4.1063
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